Correção

guilherme gimenez, 25 de agosto de 2016

“Podem pisar no meu calo, mas, por favor, não tirem o brilho do meu sapato.” (Hans Finzel)

 Um dos momentos mais difíceis em um relacionamento é quando precisamos chamar a atenção de alguém. É o momento da correção, da disciplina, do alinhamento ou mesmo da repreensão. Poucos são os que fazem isso de maneira correta. Ou não são enfáticos o bastante – e não corrigem – ou então são capazes de destruir a pessoa que precisa de disciplina, atacando-a com tanta crueldade que o motivo da correção acaba se perdendo, criando-se uma série de mágoas. Ainda que seja difícil corrigir alguém, isso é importante e deve ser feito da melhor maneira possível. Seja na família, empresa, igreja, seja mesmo entre amigos, corrigir é uma das formas de manter relacionamentos saudáveis. A falta de correção pode gerar prejuízo para todos. Mas também a correção exagerada produzirá esse mesmo efeito. Corrigir da maneira correta é um importante tema para todos.

Alguns elementos são fundamentais em um processo de correção. O primeiro é definir o que de fato precisa ser corrigido. Para isso precisamos ter noção do que é certo e errado e fugir do campo das preferências pessoais, que por vezes transitam entre esses dois polos e geram uma série de problemas de relacionamento. Um comportamento a ser corrigido é aquele que foge à norma, ao correto, àquilo que está estabelecido. Nem sempre o comportamento diferente está errado, e corrigi-lo pode trazer consequências danosas.

Tendo definido o que precisa ser corrigido, é hora de criar as condições favoráveis para uma boa conversa. Vale a pena dizer que essa conversa é particular. É um processo do tipo “olho no olho”. Isso é uma questão de respeito, decência e até caráter. Marcamos dia e hora e se for o caso escolhemos um lugar bem favorável, a fim de que o ambiente ajude. E a partir daí precisamos estabelecer o conteúdo de nossa correção. Uma boa dica é escrever claramente os pontos principais da conversa. Ser claro e objetivo também é muito importante. Sempre deixar claro que estamos corrigindo um comportamento, o que não significa que alguém será diminuído ou escrachado. Quando o conteúdo da correção é favorável, positivo, respeitoso e construtivo, podemos terminar uma conversa da melhor maneira possível, em paz e com uma pessoa consciente do que precisa ser mudada.

Claro que nem todo mundo gosta de ser corrigido. Há os rebeldes. Há os indisciplinados. Há os hipócritas. Mas, independentemente de como as pessoas são, nosso papel é corrigi-las em amor e respeito, levando em consideração o que de fato precisa ser melhorado, acertado, substituído e abandonado. E aí entra a última dica: não transforme um processo de correção em um processo de destruição. Estamos falando em corrigir rotas e não massacrar pessoas. Devemos escolher as palavras, não precisamos erguer a voz ou bater o punho cerrado na mesa. Não é necessário destruir psicologicamente ninguém. Correção é uma coisa e destruição é outra. Aqui falamos sobre corrigir, que deve ter como objetivo salvar a pessoa de um caminho equivocado e não a matar por isso. Como bem escreveu Hans Finzel, em alguns momentos teremos nosso calo pisado ou pisaremos no calo de alguém (processo de correção), mas isso não significa que precisaremos tirar o brilho do sapato da pessoa. Queremos o melhor para ela, queremos vê-la literalmente brilhando, e não apagada pela crueldade de um processo que, feito da forma errada, é sinônimo de morte. Corrigir é necessidade. Façamos sempre da melhor maneira possível.

Guilherme de Amorim Ávilla Gimenez
www.prgimenez.net

Publicado originalmente em: http://prgimenez.dominiotemporario.com/doc/CORRECAO.pdf