Viver sem sofrimentos

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“-Mas a civilização industrial somente é possível quando não há desprendimento. É necessário o gozo até os limites impostos pela higiene e pelas leis econômicas. Sem isso, as rodas cessariam de girar.” “Não se pode ter uma civilização duradoura sem uma boa quantidade de vícios amáveis” pág 287. **

“Não há nada que se assemelhe a obrigações de fidelidade antagônicas; todos são condicionados de tal modo que ninguém pode deixar de fazer o que deve. E o que se deve fazer é, em geral, tão agradável, deixa-se margem a tão grande número de impulsos naturais, que não há, verdadeiramente, tentações a que se deva resistir. E se alguma vez, por algum acaso infeliz, ocorrer de um modo ou de outro qualquer coisa de desagradável, bem, então há o soma, que permite uma fuga da realidade. E sempre há o soma para acalmar a cólera, para nos reconciliar com os inimigos, para nos tornar pacientes e nos ajudar a suportar os dissabores. Cristianismo sem lágrimas, eis o que é o soma.” Pág. 288**

“Não sofrem e não enfrentam. Suprimem, simplesmente.” Pág. 289**

“Deus no cofre e Ford nas estantes.” Pág. 280**

“-Uma das numerosas coisas do céu e da terra com que não sonharam aqueles filósofos é isto; nós, o mundo moderno. ‘Só se pode ser independente de Deus enquanto se tem juventude e prosperidade; a independência não nos levará até o fim em segurança. ’ Pois bem, agora nós temos juventude e prosperidade até o fim. O que resulta daí? Evidentemente, que podemos prescindir de Deus. ‘O sentimento religioso nos compensará de todas as nossas perdas.’ Mas não há, para nós, perdas a serem compensadas; o sentimento religioso é supérfluo. E por que iríamos em busca de um sucedâneo dos desejos infantis, se esses desejos nunca nos faltam? De um sucedâneo das distrações, quando continuamos desfrutando todas as velhas tolices até o fim? Que necessidade temos de repouso, quando nosso corpo e nosso espírito continuam deleitando-se na atividade? De consolo, quanto temos o soma? De alguma coisa imutável, quando temos a ordem social?” Pág. 283**

“-Então o senhor acha que não existe um Deus?
– Ao contrário, penso que muito provavelmente existe.
– Então por que…?
– Mas ele se manifesta de modo diferente a homens diferentes. Nos tempos pré-modernos, manifestava-se como descrito nesses livros. Agora… – Bem, ele se manifesta como uma ausência; como se absolutamente não existisse. A culpa é da civilização. Deus não é compatível com as máquinas, a medicina científica e a felicidade universal. É preciso escolher. Nossa civilização escolheu as máquinas, a medicina e a felicidade. Eis por que é preciso que eu guarde esses livros no cofre. Eles são indecentes. As pessoas ficariam escandalizadas se…” Pág. 284**

“-Fazemos com que todos detestem a solidão, e organizamos a vida de tal forma que seja impossível conhecê-la.” Pág 285. **

“-Mas eu gosto dos inconvenientes.
– Nós, não. Preferimos fazer as coisas confortavelmente.
– Mas eu não quero conforto. Quero Deus, quero a poesia, quero o perigo autentico, quero a liberdade, quero a bondade…
– Em suma – disse Mustafá Mond -, o senhor reclama do direito de ser infeliz.” Pág. 291**

Breve visão sobre o livro: Universo dos leitores – Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley

Referencias bibliográficas

* Fonte da imagem:  (22 de julho de 2012). Esse meu humor, mau humor, meu amor! Acesso em 04 de outubro de 2016. Disponível em http://essemeuhumor.blogspot.com.br/2012/07/o-futuro-e-agora.html

**Fonte dos textos: Huxley, A. (2007). Admirável mundo Novo. São Paulo,SP. Editora Globo.

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