FHC: Princípio do abismo das reais reformas políticas e sociais no Brasil

Fernando Henrique Cardoso

Há alguns anos, eu estava em busca de artigos e documentos que comprovavam a desonestidade da gestão de Fernando Henrique Cardoso e sua cúpula governamental.

Como muitos meios de comunicação no Brasil são comprados pelo governo, e esta compra faz com que tais mídias apenas veiculem o que o governo quer que seja publicado, decidi não acreditar em muitas matérias publicadas, pois montar o quebra-cabeça da gestão levaria muito tempo.

Em minhas buscas, encontrei dois livros pequenos, porém esclarecedores, sobre as aberrações políticas de FHC e suas privatizações. Essas obras informam como as estatais foram sucateadas: houve falsificação de documentos diversos e de informes de prejuízos das empresas estatais para provar que não podiam continuar na gestão do governo. Foram vendidas com promessa de melhoria nos serviços públicos, mas por preços irrisórios. A população paga até hoje o preço dos prejuízos: serviços caros mas de péssima qualidade, fruto da partilha do sistema Telebrás, energia elétrica e petróleo. Com base nisso, acredito que a CPI da Petrobrás deve ser feita desde o governo de FHC, que foi cúmplice tanto do desmantelamento da empresa quanto do lucro livre das multinacionais, que se beneficiaram de pesquisas oferecidas de graça às empresas ganhadoras das licitações de exploração de petróleo. Em consequência, FHC foi responsável pelas mortes de pais de família que atuavam nas ex-estatais e pode deixar de prover assistência médica a muitos outros com problemas psicológicos. O choque das demissões em massa criou verdadeiros inválidos diante do mercado de trabalho.

Não é tudo. O ex-presidente negou que houvesse miséria ou fome no Brasil, utilizando sofismas. Negou ajuda aos nordestinos e considera que o movimento MST é formado de vagabundos ambulantes. A reforma agrária nunca foi pauta de sua gestão, pois as terras eram destinadas aos amigos políticos e às multinacionais.  Cadastrou os participantes do MST numa lista para que as empresas no Brasil não possam contratá-los com carteira assinada e os bancos sejam proibidos de ceder-lhes crédito. Deixou os hospitais sem estrutura e jamais fiscalizou o setor a fim de torná-lo padrão de primeiro mundo com o dinheiro do ICMS e outros impostos, que raramente foram utilizados para este fim; como resultado, milhares de brasileiros morrem por falta de atendimento básico e outros tantos morrem na espera de tratamento de saúde com recursos mais avançados da medicina. Os hospitais estão sucateados graças às gestões da política de direita, no poder até o término de sua gestão. Hoje, graças ao governo de Geraldo Alckmin, nada mudou em São Paulo quanto à saúde e outros setores públicos.

Também vendeu monopólios estatais para monopólios/oligopólios estrangeiros. Participou da formação de cartel de preços nos serviços oferecidos no Brasil e favoreceu em cem por cento o empresário que lava suas mãos com dinheiro. Em sua visão neoliberal, o pobre e a pobreza atrapalham a economia global, portanto, devem ser eliminados. O dinheiro das estatais não deve ir para o povo, nem para a saúde da nação.

Sancionou lei onde ninguém poderia cassá-lo durante a vida e muito menos levantar questões ou CPIs questionando sua gestão.

FHC deve bilhões e bilhões de reais à sociedade brasileira. Deve-nos o valor das empresas vendidas somado ao real valor dessas empresas, com seus lucros reais e exorbitantes; créditos concedidos a juros baixíssimos para os compradores com a utilização do BNDES; isenção de impostos a grupos privilegiados; sedição de terras para indústrias multinacionais a preços irrisórios. São de sua responsabilidade: lavagem de dinheiro público e crime contra o patrimônio publico; desmantelamento do sistema de saúde pública e serviços essenciais públicos; venda e privatização da Amazônia. Seu legado é um escândalo deixado aos governos sucessores para prosseguirem a cartilha que preconizava.

FHC desestruturou o Brasil, causando desordem e regresso político-social.

A reestatização é um caminho obrigatório para a reorganização do país, mas também é necessária uma reforma agrária e política. A impunidade para políticos deve ser combatida, cada um deve cumprir algum tipo de sentença por seus próprios atos corruptos. Dinheiro público para administrar e reestruturar o país.

Livros disponíveis online
O Brasil Privatizado – Um balanço do desmonte do Estado
O Brasil Privatizado II – O assalto das privatizações continua

Conclusão

A sociedade pode ajudar a dar um rumo diferente ao país. Iniciemos esse novo rumo com nossos atos, deixando de lado tanto o sentimento de engrandecimento próprio quanto a prática de tirar vantagens sobre o semelhante.

As associações de bairros e universidades podem se unir e oferecer ao governo centros de reforma social, um local onde qualquer projeto a ser executado na cidade ou estado passa por um comitê composto de engenheiros civis, engenheiros mecânicos, gerentes de projetos, arquitetos e demais agentes necessários para a execução da obra, para auferição de sua viabilidade, medição de riscos e perspectiva de orçamento. As demais áreas sociais teriam seus comitês específicos onde os projetos seriam avaliados e também reestruturados. Isto sim seria um modo de ajudar o governo atual, pois, além de exigir mudanças políticas, a sociedade precisa estar disponível e mostrar que está preparada para apoiar o governo. Num país continental, faltam cabeças dispostas a pagar um preço por melhorias, onde todos possam ser beneficiados.

Se os partidos da direita no Brasil não fizeram muito por seu povo, atualmente a prática de governo de esquerda tampouco o fez. Se a última esperança morreu, a esquerda, resta então a sociedade mostrar ao governo como aplicar reformas sociais e políticas de forma democrática e justa – deixando de viver o ditado “o sujo falando do mal lavado”.

Referencias bibliográficas

Biondi, A. (2003). O Brasil Privatizado II O assalto das privatizações continuam. São Paulo: Fundação Perseu Abramo.

Biondi, A. (2003). O Brasil Privatizado, um balanço do desmonte do Estado. São Paulo: Fundação Perseu Abramo.

Football, R. F. (fevereiro de 2014). Capa da France Football sobre a Copa no Brasil . Acesso em Março de 2014, disponível em Uol Esporte Fórum: http://forum.esporte.uol.com.br/capa-da-france-football-sobre-a-copa-no-brasil_t_2920094

Sodré, F. (2013). Des-Envolvimento da Amazônia, América Latina e as Privatizações no Brasil. São Paulo: Baraúna.

Ziegler, J. (2003). Os novos senhores do mundo e seus opositores. Portugal: Terramar.

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