Direita ou esquerda?

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“Mostra-me em quem tu votas e te direi o tamanho da desilusão que surgirá.” Flávio Sodré
Após as eleições de outubro, foi lamentável a busca por culpados pela desgraça social. Enquanto a população favorecida pelo governo petista culpa os eleitores que votam nos partidos da direita e os políticos da direita pelo descaso pelos pobres e pelas regiões periféricas, os eleitores que são contra o partido da esquerda e seus aliados culpam esses eleitores favorecidos pelo governo de esquerda pela possível desestruturação política nos próximos quatro anos adicionais do segundo governo da presidenta Dilma.

As discussões acirradas nas redes sociais e a troca de ofensas pelo resultado final da eleição presidencial de 2014 mostram-nos, mesmo que muitos ainda sejam cegos, que nossas escolhas são as mais erradas e ridículas possíveis quanto à POLÍTICA. ROUBA MAS FAZ: este é o lema do PT para permanecer hoje no poder, mas também foi o lema da direita com o PMDB/PSDB, quando passaram pelo cargo máximo da república do país.
Se o candidato à presidência Aécio Neves ganhasse as eleições, com certeza favoreceria apenas os empresários, mas a sociedade em geral viveria no caos, como sempre viveu, com inclusão de novos impostos e as desculpas mais absurdas para justificar sua criação ou aumento – afinal, o brasileiro se conforma rápido com as desgraças cotidianas, e se estas apertam, tudo permanece igual. Se a população estivesse de fato sentindo dores pela opressão que nos impõem, teria gritado há muito tempo, fossem apoiadores de partidos de direita ou esquerda. Temos visto nos últimos meses as denúncias do caso petrolão e ainda outros escândalos envolvendo o governo petista. Porém, mal comemorou a vitória nas urnas, o governo já anunciou cortes de benefícios sociais, aumento da gasolina, mais impostos e outras medidas que virão, e como sempre a conta será cobrada do contribuinte.
Nossos políticos manipulam as dores do povo e criam falsas sensações de melhorias que nunca ocorrem como prometido, afinal, na terra do ouro, Tio Patinhas aprendeu a afastar a todos (o povo) das riquezas que deveriam ser partilhadas. Há doze anos o PT cogita e anuncia a reforma política e agrária, mas a teoria está longe de ser uma prática efetiva.
Nosso povo tem medo, medo de reclamar por comprometer o emprego e a renda suada, a cachaça e farra. Se alguém for preso por manifestar-se contra o sistema político, sua família raramente terá apoio dos demais vizinhos ou parentela para continuar pagando as contas. Brasileiro tem medo de manifestar-se e pagar o preço por sua liberdade. Vejo covardia em quem dispõe de condições financeiras melhores mas opta por sair do país, sem ao menos tentar ir à luta por aqueles que não podem/poderão se defender ou até mesmo por melhorias mais gerais. Estamos vivendo um momento no Brasil em que muitos têm acesso à informação através da internet, mas milhares perdem seu precioso tempo com pornografia e entretenimentos diversos, como novelas, jogos e redes sociais, buscando novos seguidores ou um novo amor.
Os pobres reclamam de sua situação social desfavorável e as demais classes reclamam dos altos impostos, mas nenhum dos lados faz algo para que a política seja efetiva para todos. Todos têm medo de sair à rua devido às consequências que irão sofrer, mas preferem reclamar e ver o pais se afundar do que fazer algo digno para todos.
Nos dias de hoje, não creio que os partidos nacionais irão fazer algo justo como eliminar os excessos de impostos e realizar a devida reforma agrária e política, muito menos, desenvolver as indústrias nacionais e promover a qualidade de vida dos trabalhadores. É hilária a briga entre direita e esquerda: todos os lados irão roubar do mesmo jeito e poucos serão favorecidos. E daí? Somos um povo covarde, acreditando que o discurso do PENSAMENTO POSITIVO irá mudar a situação do país. Em pouco tempo podemos virar uma grande nação pobre e sua maioria vivendo ainda mais em situação deplorável. Como diz Renato Russo, “Alimento para a cabeça não irá mudar ninguém, uma peregrinação talvez”.

Nossos próprios patrícios exploram seus irmãos funcionários e ainda têm a coragem de afirmar que é a única forma de poder ajudá-los, com opressão, assédios, salários abaixo da média e ainda horas adicionais de trabalho não remuneradas. Quando a remuneração é alta, a alma destes foram vendidas e não podem mais decidir suas vidas e prioridades, pois já não pertencem a si mesmos.  Há mais problemas que podem ser enumerados, mas vou me restringir a este: há uma ruptura catastrófica em nossa sociedade, desmoronando lares, mas que continua a ser considerada normal, um processo de consequência natural que não tinha como ser evitado… A estrutura denominada “família” está em ruptura pelos mecanismos dessa sociedade globalizada e pós-moderna. Será enfraquecida até ser esquecida. Sem estruturas sólidas, uma nação deixa de ser equilibrada e o convívio com o caos muito comum e sem qualquer tipo de objeção.

Somos uma nação viciada em produtos, serviços e entretenimentos, geralmente focada na satisfação pessoal de forma egoísta. O vício alivia temporariamente as dores, causando a sensação de alívio permanente, porém, quando a dor ressurge, mais uma dose de vício é necessária, num ciclo quase infinito. Assim, vamos para a bancarrota com o pé bem pressionado no acelerador. Há alguns anos, Marta Suplicy sugeriu: ”relaxem e gozem”; na política atual, com a unificação dos partidos através de alianças, nosso atual governo manda um recado parecido. “Todos os seus direitos como cidadãos serão roubados, mas não vamos deixar de dar a vocês o pão e entretê-los com nossas ferramentas cada vez mais sofisticadas, para mantê-los quietos e sem poder de reação.”

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